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quinta-feira, 9 de agosto de 2007

A cultura das realidades opostas

Quantas vezes ouvimos alguém argumentar que as elites não querem perder suas regalias e para isso não gostariam de ver alguma mudança social significativa, outras vezes ouvimos pessoas ligadas as elites argumentarem que o governo não oferta possibilidades para os empresários criarem mais empregos? Vivemos num mundo de críticas, por um lado a miséria do outro lado a riqueza, no meio o governo prometendo mais do que pode cumprir, esse parece ser o motor das noticias de jornais, das eleições, da vida pública.
Vemos na nossa frente muitas pessoas querendo colocar a culpa em alguém seja quem for, para não carregar o fardo de sua incapacidade de ver além de sua cultura, de sua realidade. Um fato da história atual parece ser aquele de que estamos inertes em nosso modo particular de ver as coisas do mundo, por muitas vezes esquecemos que muitos tem medo e o costume corriqueiro muitas vezes cega nosso raciocínio, transformamos nossas parcas experiências em verdades universais, para nós irrefutáveis. Dá mesma forma que alguns tem medo de perder a sua vida alguns tem medo de perder as suas regalias, assim vemos um mundo de realidades opostas os menos favorecidos lutando por um pedaço de pão e os mais favorecidos com medo de um dia ter que lutar por um pedaço de pão, por mais que se tenha o medo de perder aquilo que temos aumenta na proporção que aumenta nossas riquezas, e as nossas necessidades básicas aumenta tanto quanto nossos ganhos, como aquela musica " a gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte..."
No entorno dessas relações tentamos encontrar o culpado como numa investigação policial, mas sempre esquecemos de nossos filtros culturais, nossas lentes pelas quais julgamos as coisas, muitas vezes não argumentamos, mas nos defendemos, qual a melhor forma de nos defendermos da pobreza? A resposta dessa questão que certamente virá a cabeça tanto dos menos favorecidos quanto dos ricos, será a de defender o que tem, ou seja a sua forma de ver o mundo e a falta que ele faria se o perdesse. Isso se deve ao medo, qualquer mudança cultural ou econômica por mais que pareça boa causa um pouco de medo.
Nas discussões sobre as desigualdades, muitas vezes surge como argumento a lógica econômica da escassez, mas vemos muitas vezes uma lógica da escassez de raciocínios puros e, no lugar desses, vemos um raciocínio impulsionado pelo medo de perder sua forma de ver o mundo, seu mundo, pois para mudar as coisas postas em jogo apenas uma revolução de idéias, uma mudança do pensamento e é muito difícil mudar um hábito, estamos viciados na cultura do mérito e da conquista que acabamos muitas vezes colocando a miséria do outro como resultado de suas decisões particulares esquecendo que vivemos num conjunto onde todos estão sofrendo influencias uns dos outros constantemente.
Esse modelo de pensamento é cultural, ninguém necessita refletir para tê-lo, pois o adquire do berço, vemos um mundo de poucas idéias, muitas reformas e repetições com retoques de modernidade, mas o mundo continua vivendo sob o jugo da lógica da escassez e das conquistas, alguns dizem que os números não mentem, mas esquecem que o homem inventou os números e os homens se enganam, outros dizem que é quase impossível mudar qualquer coisa e optam por não saírem do lugar, e não lembram que o quase indica possibilidade de sua visão pessimista não se concretizar, assim os ponteiros correm e a hora passa e as coisas na essência não mudam, mas se tornam modernas e giram os motores da história, das capas dos livros e das manchetes dos jornais e o mundo continua seguindo com suas realidades opostas. O que fazer para mudar essa realidade? coloque comentários no blog.

2 comentários:

Anônimo disse...

A razão pela qual se tem esta dura e cruel de realidade oposta em nossa sociedade parece-me ser a tão discutida e real “Desigualdade Social”. Vejamos: O Brasil é o oitavo país em desigualdade social, na frente apenas da latino-americana Guatemala, e dos africanos Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia, segundo o coeficiente de Gini, parâmetro internacionalmente usado para medir a concentração de renda.(folha online)
Não precisamos ir longe para verificarmos que a problemática da má distribuição de renda afeta o cotidiano e a realidade da pessoa inserida neste sistema de exclusão., precisamos reagir e não aceitar o grau de desigualdade em que vivemos, mas como fazer isto?
Talvez, se fizermos um esforço subjetivo, do imaginário popular, da cultura, para criarmos essa idéia de que a desigualdade é inaceitável? Creio que será a massa e somente ela que ira mudar este triste cenário de realidades opostas, porque o sistema em vivemos tornou-se insustentável.
Josué de Castro, expõe, numa inspiradíssima frase, a seguinte constatação:
“Metade da humanidade não come e a outra metade não dorme com medo da que não come”.
Há também a problemática da cultura capitalista selvagem onde "eu garanto o meu e vc não é problema meu" e imprescindível a reestruturação das famílias, das comunidades locais e das culturais educacionais, rompendo com a abordagem individualista e egocêntrica do individuo em pensar só em si em desfavorecimento de toda uma coletividade..
Para mudar a cultura da exclusão e da pobreza, devemos reconstruir as relações sociais, educacionais, econômicas, ambientais, políticas, familiares e religiosas. Reflitamos sobre isto.

Anônimo disse...

Salve Alex!
Adoraria poder contribuir com sua reflexão, e tentarei fazê-lo da melhor forma nas linhas que seguem:

"Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado."

"Se o homem é formado pelas circunstâncias, então há que formar as circunstâncias humanamente [historicamente]." - KARL MARX

Do exposto, e tentando responder sua pergunta final, "o que fazer?",
concluo que o primeiro passo para mudar a realidade seja entender realmente como ela funciona.

Os problemas sociais que nos afligem são de natureza estrutural, e não apenas cultural.

Se é verdade que as idéias jogam um papel importante, também é verdade que elas não caem do céu. Antes refletem um estado de coisas que já existia previamente.

Se os homens são frutos do meio, há que se mudar o meio.

Se um indivíduo não sofre preocupações materiais imediatas, como a própria sobrevivência, poderá ocupar-se da filosofia, das artes, do cultivo do próprio ser.

Se ao contrário, o indivíduo não tem garantias básicas e vive atormentado com o desemprego, ou baixos salários, ou a insegurança generalizada advinda de uma sociedade de exceção, natural que a preocupação deste pobre indivíduo seja mais o "ter", a conquista de uma garantia material qualquer, a partir da qual poderá se cultivar em outros marcos.

A manipulação ideológica (onde incluo a religiosa), nos faz acreditar que somos pequenos e impotentes.

"Para que Deus seja grande, é preciso que o Homem seja pequeno. Para que Deus seja tudo, é preciso qeu o Homem seja nada".

Tal conteúdo exime o indivíduo de sua responsabilidade, já que as coisas não dependem da própria luta, mas... se Deus quiser....

A consciência política, a consciência da luta de classes, eis o despertar do novo homem, que constrói seu próprio destino, e com as próprias mãos.
Abraço!

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